Fábio Barbosa apresentou cinco importantes visões sobre sustentabilidade durante o Fórum HSM de Estratégia. Confira!
1)
A sustentabilidade está entrando na pauta dos consumidores
Com o mundo absolutamente interligado e conectado, a valorização do desenvolvimento sustentável é uma estrada sem retorno para o meio empresarial.
Com o mundo absolutamente interligado e conectado, a valorização do desenvolvimento sustentável é uma estrada sem retorno para o meio empresarial.
Novos
mercados, novas demandas e novos modelos de negócio surgem a cada momento, o que
faz com que a forma de relacionamento com os públicos seja repensada
incessantemente. Os consumidores constituem um dos públicos (se não o
principal!) mais impactados por esses novos tempos. Contribui decisivamente para
isso fatores como maior transparência das empresas e a valorização da percepção
das pessoas.
É fundamental saber o que as pessoas pensam, falam e fazem. “Minha
filha, quando quer comprar ou trocar um bem, não se mira pelas peças
publicitárias dos fabricantes. Ela diz que a propaganda traduz apenas o que o
fabricante quer passar. Para sedimentar sua decisão, ela faz pesquisas e
consulta as redes sociais”, exemplifica Fabio.
2) A sustentabilidade é muito
mais do que uma agenda ambiental
Ser sustentável não é apenas ser “verde” ou pensar na preservação do meio ambiente. É muito mais do que isso. É um conjunto de práticas e ações que se mostrem perenes e sejam replicáveis. É considerar, nas decisões de negócio, todos os aspectos – econômicos, ambientais e sociais.
Ser sustentável não é apenas ser “verde” ou pensar na preservação do meio ambiente. É muito mais do que isso. É um conjunto de práticas e ações que se mostrem perenes e sejam replicáveis. É considerar, nas decisões de negócio, todos os aspectos – econômicos, ambientais e sociais.
Com a crise econômico-financeira mundial, principalmente no final de 2008 e primeiro semestre de 2009, emergiu uma maior preocupação com temas como valores, liderança, ética e confiança.
“Não podemos perseguir o lucro a
qualquer preço. Existe um falso dilema, de que é preciso escolher entre atuar de
forma sustentável e ganhar dinheiro. Não há contradição entre a obtenção de
resultados financeiros adequados e a responsabilidade socioambiental. Esse
caminho, se seguido com convicção e crença num mundo melhor, é viável, e é bom
para todos”, acentua Fabio.
Outro ponto posto como essencial pelo presidente do Grupo Santander Brasil é que, para uma empresa ter sucesso, não é necessário transigir. Para ele, a cultura do “é assim mesmo” tem que ser vigorosamente combatida, para que se possa construir uma sociedade melhor. “É possível dar certo fazendo a coisa certa, do jeito certo. Assim, todos ganham, é o ‘ganha-ganha-ganha’. O valor de uma empresa está relacionado com a perspectiva de negócios futuros, e para isso é preciso trabalhar com ética, transparência e diálogo. O jogo é duro mas é na bola, não na canela.”
3) Sustentabilidade é reconhecer o papel das empresas na construção da sociedade
Segundo Fabio, não é possível ir bem, indefinidamente, em um país que vai mal. Nesse sentido, contribuir para o avanço e a evolução da sociedade é uma diretriz totalmente a favor da prosperidade sustentável.
No âmbito corporativo, isso inclui a relação com os fornecedores, o cuidado com os processos internos, a valorização da diversidade (principalmente a diversidade de ideias que se complementam, e não somente as diferenças de sexo, cor, gênero, raça, idade e outras), a prestação de contas e a disseminação de iniciativas por meio de relatórios de sustentabilidade, a adoção de ações com foco na educação, a ecoeficiência e o investimento social.
Investimento social, diga-se de passagem, com debate, planejamento e aportes financeiros estruturados. “Não adianta ter atividades que causam danos à sociedade e querer minimizar com doações ou ações sociais específicas. É como passar a caneta no cheque e a borracha na consciência. A abordagem deve ser mais ampla, abrangente, não como uma política compensatória”, ressalta Fabio.
Dilemas no dia a dia estão por aí para nos levar à reflexão permanente. Se contratamos uma empresa de serviços de motoboy e essa empresa apresenta problemas trabalhistas ou sociais, é problema nosso? “Não é o tipo de situação que se queira. Podemos, por exemplo, reorientar essa empresa de motoboys e passar a exigir algumas contrapartidas. É uma alternativa. Mas cada um deve buscar o seu formato de relacionamento”, explica Fabio.
No Grupo Santander Brasil, como exemplos de práticas e iniciativas sustentáveis bem-sucedidas podemos mencionar, entre outras, o Fundo Ethical (primeiro fundo da América Latina com característica socialmente responsável), as Políticas de Risco Socioambiental, os produtos e as ações para o Mercado de Carbono, o Microcrédito, o Financiamento de Energia Alternativa e de Construções Sustentáveis e o foco em ações voltadas às Universidades.
4) A sustentabilidade é parte estratégica dos negócios
E, conforme Fabio afirma, de bons negócios! Essa é uma máxima que veio para ficar. Com uma atuação sustentável e foco nos clientes, os bons resultados das empresas são uma consequência natural.
Pesquisas de mercado feitas pela consultoria A.T.Kearney têm indicado que as empresas comprometidas com as práticas de sustentabilidade estão conseguindo desempenhos acima da média, mesmo com os mercados financeiros em desaceleração.
O Fundo Ethical, citado anteriormente, não é uma extravagância ou uma esquisitice. É um negócio lucrativo. Desde a sua criação, no final de 2001, já acumulou uma rentabilidade de 499%, mais do que o Índice BM&FBovespa, que no mesmo período teve uma rentabilidade de 403%.
5) A sustentabilidade viabiliza novos negócios
As empresas estão atentas a isso. Cada vez mais consumidores dizem levar a sustentabilidade em conta na hora de fazer compras. Dessa forma, “ouvir os clientes” reveste-se, a cada dia, de maior importância. “Uma pergunta de um cliente pode significar o nascimento de uma nova estratégia”, destaca Fabio.
Nessa linha, iniciativas como selo verde para construções sustentáveis, turismo ecológico, estudo da utilização de sacolas plásticas, diminuição do uso de recursos como água e energia, redução das emissões de gases de efeito estufa, estímulo ao consumo consciente, entre outras, mostram o rumo que está sendo seguido.
Após
olharmos essas cinco visões, fica claro que, no futuro (próximo e distante),
temos que estar atentos para:
- Ênfase no desenvolvimento sustentável;
- Ações de inovação e reposicionamento;
- Redução de custos e riscos;
- Criação de novos vínculos com consumidores, funcionários, fornecedores e acionistas;
Com tudo o que foi falado, é óbvio que implantar uma cultura pró-sustentabilidade em uma empresa não acontece do dia para a noite. “Demora cerca de dez anos para se inserir a sustentabilidade nos negócios”, acentua Fabio.
Mas o primeiro passo tem que ser dado, e o caminho começa pela conscientização, juntamente com postura ética, transparência e respeito aos públicos de relacionamento.
“Somente com um grande esforço de conscientização, dos funcionários e também dos públicos externos, é possível seguir nesse caminho.
A trajetória é longa, e a responsabilidade é de todos. Mas
a sustentabilidade tem que estar em tudo, permeando o dia a dia e as atitudes na
organização. O futuro será o que dele nós fizermos. Temos que deixar um mundo
melhor para os nossos filhos, e filhos melhores para o mundo”, finaliza
Fabio.
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Texto de FÁBIO BARBOSA
Retirado da HSM Online na Cobertura Fórum HSM
de Estratégia.
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