quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

POST 15: AS ÁRVORES DAS CIDADES PEDEM POR SOCORRO



Nesta época do ano em que as chuvas são constantes, temos constatado o grande número de árvores que caem devido às chuvas de verão. Basta uma chuva rápida, com ventos moderados, para que os bombeiros sejam acionados para retirar alguma árvore que caiu na cidade, causando grandes transtornos: interrompendo o trânsito, a queda de energia, danificando veículos e causando, até mesmo, mortes.

Mas será que os temporais e ventanias são os únicos responsáveis por isso?

Por que as árvores não estão sobrevivendo nas cidades?





O clima, a luminosidade, as condições do solo e a qualidade do ar são mais restritivos em meio urbano do que no meio rural e, por isso, desfavoráveis para o desenvolvimento da maior parte das espécies de árvores que existem nas cidades. As árvores em áreas urbanas têm de suportar níveis de luminosidade mais baixos e temperaturas mais elevadas.

Dentro das áreas urbanas, estas condições são mais restritivas para as árvores plantadas em áreas pavimentadas, uma vez que estão expostas a níveis mais elevados de stress, o que lhe reduz o tempo de vida.



A construção de edifícios e asfalto das ruas causa a diminuição dos níveis dos lençóis freáticos, a remoção da camada superficial e a compactação do solo, com conseqüências negativas para o volume do solo disponível para a expansão das raízes e do teor de nutrientes disponível e para a permeabilidade do solo, restringindo a capacidade de captação de água e de ar pelas raízes.

Adicionando-se a esses fatores, está a poluição do ar, através das emissões industriais e, sobretudo geradas pelos automóveis, podendo provocar o envenenamento das plantas por sais, gases e óleos. Além disso, procedimentos inadequados aplicados durante o plantio e a poda, impactos físicos causados por carros e por materiais de construção, a ação dos insetos e doenças constituem ainda fatores de adversidade que afetam s condições físicas das árvores em meio urbano.




Uma prova disso é o que vem acontecendo na cidade de São Paulo. O Fícus (Fícus benjamina) foi amplamente disseminado nas cidades brasileiras nas últimas décadas, planta rústica, de crescimento rápido e raízes agressivas. Mas toda essa rusticidade está sendo colocada à prova há alguns meses na metrópole paulistana. Muitos deles amarelaram e perderam grande parte das folhas, comprometendo a densa e verdejante copa típica da espécie. Vale lembrar que o fícus é uma planta perenifólia – não perde as folhas – ainda mais em pleno verão quente e chuvoso. E a maioria das árvores que estão caindo são da espécie fícus.

Nos últimos anos o projeto de arborização viária na cidade de São Paulo foi amplamente incentivado em virtude da grande carência de áreas verdes. Em muitos bairros o espaço disponível para o plantio de árvores se limita às calçadas, pois o estoque de terrenos destinados à implantação de parques e praças se esgotou, como conseqüência da sua ocupação ilegais ou mesmo da sua utilização para outros fins, pelo próprio poder público.




A falta de um planejamento urbano faz com que uma árvore tenha que concorrer pelo espaço da calçada: no subsolo com as redes de distribuição de água, gás e coleta de esgoto; na superfície com os postes, placas e guias rebaixadas e no nível da copa, com a fiação telefônica e elétrica dificultando a arborização urbana, tornando-as frágeis e suscetíveis às ações da natureza.



A necessidade de mais áreas verdes não deixa dúvidas sobre a importância do plantio e conservação das árvores nas cidades. Isso pode e deve ser cada vez mais incentivado, desde que feito de forma coerente, planejada e orientada.


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